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Mais um capítulo da história de amor entre os brasileiros e o futebol começou a ser escrito em 2021. Ano em que os fan tokens chegaram ao mercado nacional da bola e permitiram aos clubes do Brasil começarem a entrar neste mercado mundial bilionário, onde já estão alguns dos principais times e ligas desportistas do planeta. Um pontapé inicial que aconteceu em agosto, quando o grande expoente internacional deste segmento, a Socios.com, dona da plataforma Chilz, fechou uma parceria com o Clube Atlético Mineiro para o lançamento do $GALO, fan token que carrega o nome do mascote do alvinegro de Minas Gerais.
De lá pra cá outros gigantes do futebol nacional lançaram ou anunciaram a criação de fan tokens, o que envolve contratos milionários e aumenta o engajamento entre os clubes e seus torcedores. Entretanto, outros segmentos de criptoativos ajudaram a movimentar este mercado nacional em 2021 e deverão fomentar ainda mais o mundo da bola no Brasil em 2022.
Atlético Mineiro
Quis o destino que a trajetória dos fan tokens no Brasil começasse pelo campeão da primeira edição do Campeonato Brasileiro, de 1971, e atual vencedor da competição nacional. O lançamento do $GALO aconteceu em uma sexta-feira, 13 de agosto, através da Socios.com. A data simbolizou não só a entrada do Galo Mineiro neste segmento de criptoativos, mas o ingresso do futebol brasileiro neste revolucionário e promissor segmento.
Mais que uma nova fonte de receita, os fan tokens proporcionavam para o Atlético Mineiro e para o futebol brasileiro uma mudança de paradigma. Porque a tecnologia trouxe novos conceitos para a relação clube-torcedores, ancorada na participação dos portadores dos fan tokens nas decisões relacionadas ao clube e na oferta de prêmios e experiências com o time. Na ocasião do lançamento foram vendidas 850 mil unidades do $GALO. O que representou uma arrecadação de aproximadamente R$ 9 milhões, dos quais 50% foram direcionados para clube mineiro.
Corinthians
O Sport Club Corinthians Paulista entrou no campo dos fan tokens no dia 2 de setembro com o lançamento do $SCCP por meio da Socios.com, ocasião em que a fiel torcida protagonizou mais uma prova de amor pelo Timão. Isso porque a venda dos 850 mil fan tokens se esgotou em menos de três horas representando um recorde de vendas naquele momento. O $SCCP arrecadou cerca de R$ 9 milhões e também garantiu aos seus detentores privilégios como a escolha do próximo ídolo homenageado no Parque São Jorge e a definição da frase escrita no túnel de acesso ao gramado da Arena Corinthians. Para se ter uma ideia do sucesso do lançamento do $SCCP entre os investidores e torcedores, em menos de uma hora após a abertura da vendas 654 mil unidades do fan token já haviam sido compradas por um total de 18.261 pessoas, de acordo com uma postagem do CEO da Socios.com Alexandre Dreyfus no Twitter, na ocasião.
Flamengo
O Clube de Regatas do Flamengo foi outro gigante do futebol brasileiro a interagir com seus torcedores através de fan tokens, além de lançar no mercado de criptoativos uma nova opção de investimento. O $MENGO foi lançado pela Socios.com no último dia 19 de outubro. Na ocasião a empresa informou pelo Twitter que a nação rubro-negra havia protagonizado uma nova quebra de recorde com o esgotamento de todos os fan tokens disponibilizados pelo time da Gávea, 1,5 milhão de unidades, em apenas duas horas. Na ocasião, a empresa anunciou que iria providenciar uma segunda remessa do $MENGO para o dia 26 de outubro.
O contrato do Flamengo com a Socios.com prevê uma receita mínima para o Rubro-Negro de aproximadamente US$ 3 milhões anuais, cerca de US$ 13,5 milhões até o fim da vigência do contrato, em 2025. Valores que podem ser superados, caso os 50% destinados ao time carioca com a venda do $MENGO ultrapassem os valores mínimos contratuais. O acordo prevê ainda o pagamento de outros US$ 13,5 milhões como taxa de licenciamento da marca do clube, o que inclui patrocínios na camisa dos times de base, feminino e de treino. O contrato prevê também US$ 1,5 milhão em publicidade em mídias sociais.
São Paulo
O São Paulo Futebol Clube lançou o $SPFC no último dia 9 de novembro, também em parceria com a Socios.com e a Chiliz. Na ocasião 850 mil unidades do fan token do tricolor paulista se esgotaram em duas horas, arrecadando cerca de R$ 9 milhões. Embora não tenha sido confirmada pelas empresas ou pelo clube, a expectativa era de que a transação seguisse o padrão adotado com outros clubes, o que no caso garantiria 50% do montante ao time do Morumbi. Entre os benefícios confirmados aos detentores do $SPFC estão a participação em votações, prêmios e experiência exclusivas junto ao clube, além da escolha das frases exibidas no anel superior do estádio do Morumbi.
Santos
O Santos Futebol Clube foi outro gigante que entrou neste mercado em 2021 ao lançar o $SANTOS no último dia 1º de dezembro. O time da Vila Belmiro foi o primeiro grande clube brasileiro a ter um fan token lançado com uma oferta inicial em uma exchange descentralizada, a Pancake Swap, principal DEX da Binance Smart Chain (BSC). Na ocasião, além do IFO (Initial Farm Offering) do fan token do Peixe na Pancake Swap, o $SANTOS também começaria a ser negociado no mercado à vista da Binance. A oferta inicial anunciada na ocasião era de 400 mil unidades do fan token ofertadas durante 30 minutos, o que fazia parte de uma meta de arrecadação de US$ 1 milhão em CAKE.
Palmeiras
No início de dezembro, a Sociedade Esportiva Palmeiras aproveitou o embalo da conquista da Copa Conmebol Libertadores para se juntar aos grandes clubes brasileiros com fan tokens. Na ocasião, o Palmeiras anunciou que também fechou parceria com a plataforma Socios.com e a finctech blockchain Chilz para o lançamento do $VERDAO. A data de lançamento e o preço inicial do fan token serão divulgados em breve pelo time do Allianz Parque. Entre as vantagens já confirmadas aos detentores do $VERDAO estão a escolha do número da camisa de novas contratações, sugestão da trilha sonora para o aquecimento dos atletas antes dos jogos, envio de mensagens de incentivo aos jogadores, participação de promoções exclusivas, tornando-se elegíveis para receber com recompensas únicas que incluem desde NFTs colecionáveis de celebração de grandes momentos da história do clube até materiais esportivos e produtos de merchandising oficiais do Verdão.
FPF
Ainda no início de dezembro, a Federação Paulista de Futebol (FPF) prometeu o lançamento de fan tokens para o Paulistão 2022, além de tokens não fungíveis (NFTs) da maior competição estadual do Brasil. Sem antecipar detalhes sobre o lançamento dos criptoativos, a startup LiveMode, empresa parceira da FPF, já anunciava algumas vantagens aos detentores dos fan tokens. Entre elas a definição dos destaques do campeonato, escolha de comentaristas e narradores dos jogos, o jogo a ser transmitido, o design da taça do Paulistão, além da chance de assistir à final próximo ao gramado. No rol dos mimos ofertados aos donos dos fan tokens também estão a participação na premiação e a possibilidade de passarem “um dia de craque.”
Cruzeiro
Na última quarta-feira, o Cruzeiro Esporte Clube concluiu a pré-venda do CRZ. Ao todo foram esgotadas todas as 900 mil unidades do fan token do time da Toca da Raposa ao valor de R$ 6,10 cada um. O que gerou uma receita bruta de aproximadamente R$ 5,5 milhões, dos quais R$ 4 milhões foram para o cofre do clube de Minas Gerais. Desenvolvidos pela startup de tecnologia blockchain Lunes, os criptoativos continuam sendo transacionados pela plataforma Footoken. O CRZ será integrado ao programa sócio torcedor do Cruzeiro, entre os benefícios já confirmados aos detentores dos fan tokens está o direito de votar “em decisões do clube de acordo com seu nível de participação e também consequentemente ajudará no processo de retomada da instituição.”
O gigante do futebol brasileiro passa por uma fase de recuperação. Há poucos dias o Cruzeiro se transformou em uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol), vendida para um grupo que tem como maior acionista o ex-jogador Ronaldo Fenômeno, revelado pelo time de Belo Horizonte.
Internacional
Nesta segunda foi a vez de mais um gigante do futebol brasileiro anunciar o lançamento de fan tokens em parceria com a Socios.com. No caso o Sport Club Internacional, que prometeu para os próximos dias informar a data de lançamento $SACI, fan token que vai carregar o nome do personagem do folclore brasileiro que é mascote do Colorado. Entre os privilégios já confirmados aos futuros donos do $SACI estão a participação na definição de design dos kits de publicidade, modelo dos números estampados nas camisas dos jogadores, músicas que serão tocadas nas comemorações, participação em sorteios e concessão de ingressos VIP.
Gama
Esta semana a Sociedade Esportiva do Gama, principal time da capital federal, Brasília, também anunciou o lançamento de um fan token. O GAMAO foi construído na rede blockchain da Binance Smart Chain (BSC). A venda do fan token do Gama está aberta até o início de janeiro através do site www.gamao.io e a listagem deverá ser feita nas exchanges BigOne e Biconomy, com data a ser anunciada pelo clube. O Gama, que também deverá se transformar em uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol), disse que o lançamento do fan token segue um movimento global do futebol em relação à modernização tecnológica. O clube salientou ainda que o GAMAO será uma maneira para gerar mais engajamento, estímulos e sinergia entre torcedores, população local, indústria e comércio. A equipe também pretende usar o fan token para pagamentos e aplicações voltadas ao metaverso.
NFTs e outros criptoativos
Outro segmento que ganhou destaque entre os times brasileiros em 2021 foi o de tokens não fungíveis (NFTs). E não é à toa. Para se ter uma ideia do crescimento deste segmento, as plataformas NFTs relacionadas ao mundo desportista deverá movimentar aproximadamente US$ 2 bilhões no ano que vem, aproximadamente R$ 11,3 milhões no momento em que esta matéria era editada. Mas os investimentos feitos por grandes clubes brasileiros também avançaram por outros segmentos do mercado de criptoativos além dos colecionáveis digitais. Algumas iniciativas já estão atrelando parte da venda do passe dos jogadores a portadores de tokens de mecanismos de solidariedade dos times.
O Clube de Regatas Vasco da Gama lançou no final de novembro uma coleção com 5 NFTs para celebrar o pioneirismo do time de São Januário no combate ao preconceito racial. O Vasco foi o primeiro time do Rio de Janeiro a aceitar jogadores pretos em seu elenco, em 1923. Os colecionáveis digitais homenageiam os 12 jogadores da equipe que ficou conhecida na época como “Camisas Negras”. Apelido alusivo à cor da camisa do Cruzmaltino, mas que também tinha conotação racial.
O projeto foi concebido pelo Etnógrafo e Mestre em História e Bens Culturais Helio Ricardo Rainho e as peças foram criadas pelo artista visual Juan Calvet. Na ocasião, o Vasco informou que outra coleção de NFTs encontrava-se em desenvolvimento, no caso o projeto “Coração Infantil”, que iria transformar em colecionáveis digitais alguns desenhos enviados por crianças do mundo inteiro com a temática de futebol e amizade.
Em novembro time da zona norte carioca ainda protagonizou uma iniciativa inédita no futebol mundial ao celebrar com a plataforma Mercado Bitcoin uma parceria para tokenizar os direitos de solidariedade, um mecanismo que funciona como direito de venda de um jogador na forma de porcentagem, no caso até 5% de transferência internacional de um atleta. Trata-se de uma evolução vinda de dezembro do ano passado, quando o clube criou o Vasco Token objetivando tokenizar os jogadores revelados pelo clube. Iniciativa que foi seguida
O Cruzeiro também anunciou a criação de uma nova criptomoeda atrelada ao direitos econômicos de jogadores formados pelo clube, através do mecanismo de solidariedade da Fifa: o Cruzeiro Token. O projeto foi fruto de uma parceria entre o time da Toca da Raposa e a startup de blockchain Liqi, anunciada em março deste ano.
Os NFTs despertaram interesses de outros gigantes do futebol brasileiro este ano. No início de novembro, por exemplo, Corinthians lançou uma coleção de NFTs para presentear os detentores do fan token do clube do Parque São Jorge.
Os colecionáveis digitais também já conquistaram grandes ídolos do futebol brasileiro. No início de dezembro, o maior ídolo da história do Vasco da Gama, Roberto Dinamite, também entrou para o mundo dos NFTs ao lançar há alguns dias uma coleção de ativos digitais, o “Dinamite-se”.
Com o intuito de internacionalizar a imagem da Seleção Brasileira, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou no final de junho uma parceria com a empresa blockchain turca Bitci Technology para o lançamento de uma criptomoeda oficial e NFTs, relacionados à Seleção Canarinho. O lançamento aconteceu em julho pela plataforma Bitici e todos os tokens disponibilizados na ocasião se esgotaram em 1 hora.
A popularização dos fan tokens, NFTs, tokens atrelados a direitos econômicos de jogadores e outros criptoativos ligados ao mundo do futebol projetam um futuro promissor para o mercado brasileiro. Transformações significativas deverão acontecer em 2022, já que as novas tecnologias possibilitam novas receitas aos clubes, mas elas também trazem mais engajamento, mais voz aos torcedores nas decisões dos grandes times, possibilidades de lucro em vendas de passes, acesso a lances e momentos exclusivos. Enfim, um universo de possibilidades que, muito mais do que lucro, desenham uma nova forma de torcer e investir.
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