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O crescimento do mercado de criptomoedas em 2021 foi marcado pela entrada de investidores institucionais e pelo aumento da oferta de produtos vinculados a ativos digitais como fundos e ETFs no Brasil e no mundo. Em oposição, o Índice Ibovespa registra um dos piores desempenhos do ano em comparação com as principais bolsas internacionais.
Diante deste cenário, a B3 anunciou recentemente que está desenvolvendo produtos de investimento em Bitcoin e outros criptoativos a serem lançados em 2022. Embora os planos não tenham sido detalhados, há estudos em curso com foco na criação de plataformas para tokenização de ativos, negociação de produtos de investimento institucionais de criptoativos, e custódia de criptomoedas.
De acordo com artigo publicado pelo analista e investidor Fabrizio Gueratto no Valor Investe nesta quinta-feira, o movimento da B3 em direção ao mercado de criptoativos é uma resposta a todos aqueles que afirmam que o mercado acionário brasileiro morreu.
Embora não vá oferecer serviços de compra e venda de criptomoedas, como uma exchange, a bolsa está buscando um reposicionamento em busca de novas fontes de receita com foco justamente nos investidores institucionais, cujos olhos – e portfólios – estão cada vez mais voltados para esta classe de ativos emergentes, diz Gueratto:
“Assim como diversas outras bolsas do mundo, a B3 está olhando cada vez mais para o mercado de criptos. Além disso, eles já perceberam que as moedas digitais vieram para ficar e querem desenvolver soluções para isso. Para mim é bem simples, a Bolsa é uma espécie de shopping que faz a intermediação entre as corretoras, investidores e ativos. Portanto, eles estão querendo ampliar seu arsenal de produtos.”
A lógica diz que investidores que participam do mercado acionário naturalmente vão olhar ainda mais para o mercado de criptomoedas daqui para frente. Como uma empresa de capital aberto que precisa oferecer retorno aos seus acionistas, a B3 não pode mais ignorar esse mercado.
Correlação com o mercado tradicional
O analista e investidor também analisa o aumento da correlação entre os movimentos dos mercados de criptomoedas e o tradicional à luz das recentes quedas causadas pelo avanço da variante ômicron do coronavírus e do anúncio do Banco Central dos EUA de que vai rever sua política monetária, reduzindo gradativamente a compra de títulos que vinha injetando liquidez na economia, com grande benefício aos ativos de risco, como as criptomoedas e as ações do setor de tecnologia.
Gueratto afirma que a queda das criptomoedas no início deste mês foram motivadas pelo comportamento dos investidores institucionais. Segundo ele, mais do que uma possível relação entre o mercado tradicional e o de ativos digitais, deve-se a uma incompreensão destes novos investidores em relação à natureza dos criptoativos.
Assim, eles acabam replicando o comportamento do mercado tradicional ao se desfazerem de suas posições em ativos digitais diante dos primeiros sinais de incerteza. Como eles movimentam grandes volumes, o mercado cripto acaba sendo arrastado por esses “grandes tubarões”:
“Para o grande investidor, em um momento de risco e possibilidade de queda, ele pode apenas vender suas posições de risco. Afinal, sejam ações americanas, asiáticas ou até mesmo criptomoedas, não faz diferença segurar algo incerto. Basicamente, esses grandes investidores têm muito volume. Sendo assim, quando eles colocam ‘ordens no book’ e depois saem fechando a posição, acabam afetando todo mundo. Aí acontece o seguinte: um líquida e os outros vão atrás.””
Segundo o analista e investidor, a redução da capitalização do mercado de criptomoedas em mais de US$ 400 bilhões registrada desde o início de dezembro foram motivadas pelo medo, e não pelos fundamentos do mercado. Gueratto afirma que “isso não significa que o movimento de alta acabou”.
Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, os preços do Bitcoin (BTC) e do Ethereum (ETH) podem ter oscilado bastante ao longo do ano, mas os dois maiores criptoativos do mercado devolveram ganhos superiores à média das maiores bolsas globais.
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